segunda-feira, 29 de junho de 2015

Talvez um dia...

Talvez um dia, meu amor,
estaremos numa casinha no final da montanha,
raios de sol pela janela,
neblina no ar para nos acordar

Um café logo pela manhã,
um cheiro, 
um abraço demorado,
seguido por longos beijos

Talvez um dia, meu amor,
nossas mãos se entrelacem,
nossos lábios se toquem mais um vez
e nossos olhos se encontrem

Talvez um dia, meu amor, 
você escolha o aconchego dos meus braços
e me ame intensamente
Talvez um dia nossos medos se acabem

Talvez um dia...

Poema escrito em: 03/04/2014



sexta-feira, 26 de junho de 2015

Livros e Escritores: Martha Medeiros

Provavelmente você já deve ter lido algumas frases da Martha Medeiros espalhadas pelas redes sociais. Sim! Seus textos são constantemente compartilhados, sejam em breves citações ou em crônicas completas.


Martha Medeiros é uma grande cronista, poeta e romancista brasileira - e eu particularmente sou um leitor compulsivo de sua literatura. O por quê? Leia algum livro dela e você vai me entender (ao final do post vou indicar alguns livros).

Minha última leitura foi seu livro Fora de mim publicado em 2010 pela Editora Objetiva (131 p.). É um livro de ficção da Martha, apesar de eu particularmente gostar mais de suas crônicas e poesias. Mas a escrita dela é genial, sem rodeios, vai direto ao ponto e realista. Fora de mim é mais um livro sobre o fim de um romance. Ao lê-lo, parece que a personagem escreve uma longa carta ao ex, dizendo como anda sua vida atualmente sem ele. O livro é dividido em três partes:

A 1ª parte do livro vemos uma personagem melancólica, triste, vivendo o luto com o fim do romance. Se você já passou por esta situação vai entendê-la perfeitamente. Só quando perde-se um grande amor é que sentimos realmente a falta dele. Perde-se a vontade de viver, de recomeçar. Depois é que a gente acostuma com a falta do outro e começa a se reerguer outra vez.
Nota-se também que no livro não há nome dos personagens, mas são fáceis de serem interpretados.

Na 2ª parte, a personagem começa a nos mostrar como tudo aconteceu, do momento da paixão, nascimento do amor até as coisas saírem fora de controle. A partir daí o livro fica mais interessante, porque não vemos a personagem como antes (triste e sem vida), mas percebemos como tudo saiu dos eixos, para que ambos seguissem vidas distintas (fato é: eles realmente se amavam). Entretanto, o ex apresentava um descontrole emocional - era instável (às vezes amável, outras vezes um cara difícil) e ciumento. 

"Você era a fúria, eu era a paixão, e havia no meio de nós um transtorno psíquico que não apenas nos apartou, como evitou um encontro verdadeiro."

Por último, na 3ª parte, ela finaliza o livro falando sobre passados. É o pós-término. A personagem entende o que aconteceu de forma madura, e nos mostra que o amor permanece de alguma forma: na saudade. Nesta parte do livro a vemos como ela realmente é: uma mulher diferente das outras, livre e que não se preocupa com estado civil. Para ela, o mais satisfatório é amar.

"Casamento era pra mim um ritual de aceitação, um gostar-se tornado público. Minha família adorava usar uma expressão para justificar a pompa matrimonial na igreja e no salão de festas: 'Casar é uma satisfação para a sociedade.' Por mim, usaria esse termo pela metade, diria apenas: 'É uma satisfação'. Não consigo imaginar nada mais satisfatório do que amar..."

Fora de mim é um livro bem curto e gostoso de ler, assim como os outros livros da autora. 
Ao todo, já li 12 livros da Martha Medeiros, e para finalizar, indico alguns dos que mais gostei:

Crônicas:

1) Feliz por nada: o meu preferido.
2) A Graça da coisa: meu segundo preferido.
3) Um lugar na janela: relatos de viagem (maravilhoso).
4) Coisas da vida.
5) Montanha-russa.
6) Trem-bala.

Ficção:

1) Divã - sua primeira ficção, que inclusive foi adaptado para o teatro e cinema.

"Gosto demais do que a Martha escreve: toca em sentimentos sem ser sentimentalóide, é bem-humorada sem ser superficial, é irônica sem ser maldosa."
Lya Luft

Até o próximo post!
Abraços!



segunda-feira, 22 de junho de 2015

Tão Comum...

Se você me perguntar o que é que eu tô fazendo, eu digo que não sei...
E não sei mesmo. Já racionalizei tanto meus comportamentos e atitudes, que ultimamente estou praticando a arte de ser leve - não levar tudo a sério. Tirar peso dos ombros, sabe? Faz bem.
Até o "sair só" pode parecer não ter sentido algum, mas tem. Um encontro com a gente mesmo, é o que precisamos no momento. 

Se você me perguntar o que eu quero do futuro, eu digo que não sei...

Tenho tantos sonhos que vou até começar a fazer uma listinha, porque novos sonhos surgiram e outros nem sequer conquistei ainda. E é tão comum sonhar mais alto do que se pode crer.
As coisas nunca vieram tão rápido e fácil pra mim. Foram dias de espera, dias frustrantes, dias em que tentava (eu mesmo) dizer que há tempo para todas as coisas. E tem. Não adianta apressar, a gente só tem que fazer a nossa parte. Se não deu certo, paciência. 
Futuro? Amanhã é dia dele. Hoje não, é presente.
Então, não sei ainda ao certo o que quero do futuro,
Só sei que eu espero que a vida me mande algo bom.

...Tão comum se arriscar sem saber cem por cento se é bom...
É o preço das escolhas, meu amigo. A gente acha que sabe, e é onde muita gente se engana. Porém, por que não tentar?

Tão comum errar, errar e errar de novo...

Graças ao erro é que a gente tem consciência dos fatos. Aprendemos através dele.
Mas errar virou moda, erramos hoje, erramos amanhã e por aí vai... Um dia eu me acerto.

Assumo os meus desejos, tento saciar a sede daquilo que nem sei...

Esse desejo de "experimentar" a vida em suas diferentes formas. Que bom que ainda há vontade, o gosto por querer mais.

Tantas perguntas a responder: O que é certo? O que é bom e o que é real?
Deixo isso para os filósofos e para aqueles que acham saber o que é certo e bom.
De tudo, pouco sei. A verdade não é absoluta meu amigo, aquilo que pode ser verdade pra mim, pode não ser pra você. Eis o que aprendi com tudo isso: aceitar as coisas do jeito que são, viver os momentos e fazer o bem.

Tão comum tentar ser melhor...

Ps.: Os trechos em itálico são partes da música "Tão Comum" da Sandy Leah part. Seu Jorge (que inclusive virou título do post). Discorri através dele, portanto é um complemento. Caso queira ouvi-la, link abaixo:




Seja leve!
Grande abraço e ótima semana! 

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Nostalgia Adolescente

Hoje eu peguei minhas antigas agendas. Reli algumas coisas que escrevi quando tinha 15/16 anos. Sorri e pensei: eu escrevi isso?
Textos, poemas, muitas vezes tão imaturos, mas expressavam o que estava vivendo no momento. Era a fase de maior confusão na vida de uma pessoa: adolescência.

Ensino médio, amigos (os verdadeiros permanecem até hoje), o futuro que tantas vezes me assombrava. Meu Deus! Já esta na hora de ser homem? Ter outras responsabilidades?
A adolescência é uma fase de dúvidas, questionamentos, espinhas na cara (hormônios à flor da pele), de rebeldia, de tênis all star sujo. "Sempre usarei all star, terei uma coleção deles, de todas as cores" - dizia. Hoje, até tenho alguns e uso de vez em quando, mas os coitados foram trocados por sapatos e mocassins. 

Adolescência é fase de atitude. Muitas coisas que tenho receio de fazer hoje, na adolescência eu nem pensava duas vezes. Também é fase de escolhas. Onde ir? Mudar de cidade? Qual curso fazer? Na cabeça de um adolescente isso não é nada fácil. 
Ah, ainda tinha os amores platônicos, e aqueles não correspondidos. Coitado do coração.

Às vezes, eu começo a rir quando lembro dessas coisas. Mas é uma nostalgia boa. Hoje, alguns amigos já estão casados, com filhos. Outros estão seguindo o curso da vida, mudaram-se de cidade, foram atrás de seus sonhos. Nunca foram ou serão esquecidos, são reencontrados. Outros amigos foram acrescentados como se já nos conhecêssemos há anos.

Quando a gente cresce, a vida exige um pouco. Novas responsabilidades são impostas e é necessário maturidade para saber administrá-las. 
Paciência é essencial. Nem tudo é como a gente quer, mas a gente pode deixar as coisas um pouco do nosso jeito, se não, perde a graça.
O tempo corre, seu relógio pode até parar, mas a vida não. Ela continua. E a gente vive, ou finge que vive. O bom de tudo isso é que mudamos nossas percepções, ampliamos nossa visão. Sabe aquele medo do mundo? Aquele medo bobo do desconhecido? Ele não assusta mais como antes.

Por fim, compartilho uma música do Lenine que tanto gosto:


Abraços!

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Livros e Escritores: Lya Luft

1º Post Oficial

"Há temas que se repetem, perguntas que se perpetuam; inquietações coincidem entre o escritor e seus leitores, entre quem dá algum depoimento e quem assiste.
'Por que você escreve?' é a primeira e universal indagação.
Um escritor respondeu que se parasse de escrever morreria, portanto escrevia para não morrer; uma mulher dizia que escrevia para não enlouquecer, outra revela que o faz para ser amada.
Sou dos que escrevem como quem assobia no escuro: falando do que me deslumbra ou assusta desde criança, dialogando com o fascinante - às vezes trevoso - que espreita sobre nosso ombro nas atividades mais cotidianas. Fazer ficção é, para mim, vagar à beira do poço interior observando os vultos no fundo, misturados com minha imagem refletida na superfície."

Lya Luft - O Rio do Meio.



Quando me perguntam: Me indique um livro? Um escritor? 
Logo respondo: Lya Luft.
Desde o primeiro livro que li (A Riqueza do Mundo) a autora me fascinou pela forma que escreve suas ficções e ensaios tão reflexivos. Desde então, tenho lido seus livros em busca daquilo que ela tem a compartilhar, suas indagações sobre a vida, suas ficções tão cheias de relacionamentos humanos com toques, até mesmo, de fantasia.

Em O Rio do Meio, minha leitura mais recente, a autora aborda diversos temas que são partes de suas indagações. Lya fala sobre infância e maturidade, além de abordar os valores sociais e familiares impostos e suas consequências em nossas atitudes.

"Mas também me interrogo sobre seres humanos que foram tolhidos pelas obrigações, pela grosseria dos pais ou da pessoa escolhida para ser sua parceira. Incapazes de administrar sua própria existência, tangidos como animais comprados a preço inferior, sem tempo sequer de entrar em si e avaliar-se - ou com medo da amargura do que lhes seria revelado."

Lya escreve sobre mulheres e seus destinos; homens e seus sonhos - muitas vezes reprimidos; de vida e morte (muito presente em suas literaturas), além de ficções com personagens próximos da realidade. Quando se lê um livro seu, é comum se identificar e até se questionar: ela escreveu pra mim? Esse personagem parece tanto comigo!

As relações afetivas e humanas são constantemente citadas. Em todos os seus livros há espaço para relacionamentos complexos, onde envolvam pessoas imperfeitas, que muitas vezes buscam aquilo além do que o outro tem a oferecer. Por outro lado, essas relações podem se fortalecer através das diferenças de cada um. Envolvendo aceitação e generosidade.

"A família tradicional rompe-se ou se transforma: começa o que se poderia chamar a família humana, em que se exercem mais generosidade e tolerância e se aceitam melhor as diferenças e dificuldades do outro."

As diferenças de homem e mulher, pontos em comum, outros que se divergem e o amor tão desejado por ambos. Casais que se completam, outros que não se suportam. O amor deve ser livre?

"'Amar alguém é deixá-lo livre', escreveram-me num bilhete. Deve ser esse o mais difícil e obscuro dos segredos de conviver bem."

Ao falar sobre os ficcionistas, Lya nos faz pensar se em seus romances, dramas e ficções, estariam os autores disfarçando elementos de sua própria história. Para ela, escrever é uma forma de denunciar injustiças, registrar fatos que podem mudar e melhorar o mundo, libertar-se e dançar com as palavras. Lya escreve:

"A mim, mais me importa o que têm de simbólico e de alegoria, pois neles falam os meus mitos particulares, a maioria dos quais não decifrei, mas tento controlar pelo feitiço da palavras."

Para mim, os livros da Lya Luft são arrebatadores. "Minha literatura não emerge de águas tranquilas: falam de minhas perplexidades enquanto ser humano..." diz ela. Seus livros conseguem ser ousados e filosóficos ao discutir temas que tanto a incomodam. Uma escritora que sempre vou indicar para aqueles que questionam e gostam de pensar, que buscam nas palavras sabedoria e alento.

Até o próximo post!