quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Feliz Ano Novo!

Ah! 2015 foi um ano como qualquer outro – dizem. Ano de erros, acertos, sorrisos, lágrimas, alegrias, melancolias, enfim, tudo que faz parte dessa complexidade do “ser humano”. Mudam-se as datas, calendários são reorganizados, e podemos planejar mais uma vez.  E eis que tudo se faz novo.

Fim de ano é sempre a mesma reflexão: o que fiz ou o que deixei de fazer. Listinhas? Os dias andam tão corridos que estão difíceis segui-las. Essa coisa chamada “renovação de ciclo” serve para avaliarmos nossas quedas e conquistas, interpretar nossas experiências, ter o prazer de fechar os olhos e ter (o mínimo que seja) fé no “novo”.

Por mais que o tempo não pare, a gente ainda consegue suspirar, nos sentimos “descansados” e prontos para novas aventuras. Que prevaleça essa vontade de crescer, de buscar maturidade e caminhar com o mundo. Façamos uma faxina interior: Perdoe-se! Ame-se! Libere perdão e amor nos céus de 2016. Construa um mundo melhor a partir de suas atitudes.


P.S: E que não falte café. 

Maycon Fabian

domingo, 15 de novembro de 2015

"Se" - Texto Reflexivo


Olá, queridos leitores! 
Publico aqui um lindo texto reflexivo da Martha Medeiros.
Tenham uma ótima semana!


Se quem luta por um mundo melhor soubesse que toda revolução começa por revolucionar antes a si próprio.
Se aqueles que vivem intoxicando sua família e seus amigos com reclamações fechassem um pouco a boca e abrissem suas cabeças, reconhecendo que são responsáveis por tudo o que lhes acontece.
Se as diferenças fossem aceitas naturalmente e só nos defendêssemos contra quem nos faz mal.
Se todas as religiões fossem fiéis a seus preceitos, enaltecendo apenas o amor e a paz, sem se envolver com as escolhas particulares de seus devotos.
Se a gente percebesse que tudo o que é feito em nome do amor (e isso não inclui o ciúme e a posse) tem 100% de chance de gerar boas reações e resultados positivos.
Se as pessoas fossem seguras o suficiente para tolerar opiniões contrárias às suas sem precisar agredir e despejar sua raiva.
Se fôssemos mais divertidos para nos vestir e mobiliar nossa casa, e menos reféns de convencionalismos.
Se não tivéssemos tanto medo da solidão e não fizéssemos tanta besteira para evitá-la.
Se todos lesse bons livros.
Se as pessoas soubessem que quase sempre vale mais a pena gastar dinheiro com coisas que não vão para dentro dos armários, como viagens, filmes e festas para celebrar a vida.
Se valorizássemos o cachorro-quente tanto quanto o caviar.
Se mudássemos o foco e concluíssemos que infelicidade não existe, o que existe são apenas momentos infelizes.
Se percebêssemos a diferença entre ter uma vida sensacional e uma vida sensacionalista.
Se acreditássemos que uma pessoa é sempre mais valiosa do que uma instituição: é a instituição que deve servir a ela, e não o contrário.
Se quem não tem bom humor reconhece sua falta e fizesse dessa busca a mais importante da sua vida.
Se as pessoas não se manifestassem agressivamente contra tudo só para tentar provar que são inteligentes.
Se em vez de lutar para não envelhecer, lutássemos para não emburrecer.
Se.

Escrito por: Martha Medeiros - 19/09/2010
Livro: Feliz por nada.
Ano: 2012
Editora: L&PM 

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

"Nas nuvens"


De cima das nuvens vi um rapaz caminhando pelas ruas. Era de manhã, e o sol já mostrava seus fracos raios de luz. A cidade começava a se movimentar: carros nas pistas, pessoas andando de um lado ao outro nas calçadas. As cafeterias se enchiam de gente, todos apressados, com olhos inchados, querendo um pouco do líquido preto e quente.

Ele estava com um livro debaixo dos braços, e quando viu um banquinho à frente, sentou-se. Um senhor passou por ele e desviou o olhar. Não entendi o porquê. Outra senhora lhe deu um bom dia afetuoso. Sorri.  A cidade é fria, pelo menos pela minha percepção. Os humanos vivem com seus longos casacos, suéteres e cachecóis, que parecem mais como armaduras.

Na esquina a diante, um casal se despedia com um beijo. Pensei em dizer lá do alto: “esqueçam-se por um momento, mas deixe a saudade fluir, e quando estiverem juntos novamente, sintam-se enamorados como se fosse a primeira vez”.
Na mesma esquina uma mãe segurava o filhinho pela mão. Ele estava de uniforme, e com certeza estava indo para a escola. Como o sono maltrata! “Mas garotinho, a vida é assim, responsabilidades começam cedo, mas não se esqueça de brincar e ser feliz, ok? Você vai crescer, viver e vencer.”

Meus olhos retornaram ao rapaz que sentou no banco, ele continuava lendo seu livro. As mãos dançavam como se fosse um pintor pincelando telas. Ele estava carinhosamente folheando página por página. Por fim, a luz do sol tocou seu rosto e ele olhou à sua frente. Por um instante, fechou o livro e admirou o horizonte. Parecia que aquele momento era único, somente dele. Recebeu o dia com toda gratidão e esplendor. Viu o sol se posicionar num canto do céu, reverenciando seu espetáculo. Ele sorriu. Eu sorri. “Ele percebeu, ele notou”.

Dentre todos naquela rua, que mais pareciam estar preocupados com seus afazeres diários, aquele rapaz percebeu o essencial: a vida. Ela acontece a todo instante. Ele se conectou com o que estava à sua volta. Fechou os olhos e respirou. Levantou-se e caminhou em direção à cafeteria mais próxima. Pegou um café para viagem, e seguiu seu caminho. 

Escrito em 24/10/2015

domingo, 25 de outubro de 2015

Resenha #2: Palavra Por Palavra

Livro: Palavra Por Palavra
Autor: Anne Lamott
Editora: Sextante
Ano de Publicação: 2011

Olá, pra você que ainda acompanha esse blog, ou que por um acaso, ou obra da vida parou por aqui.
Pois então, estou meio sem tempo para novos posts, e sim, continuarei a mantê-lo. Preciso disso aqui. Mantenha a calma que o semestre esta acabando e terei mais tempo para publicar.

Tenho que compartilhar esse livro com vocês. Estou enamorado por ele, que promoveu em mim força e coragem para continuar escrevendo meus textos bobos. O livro fala basicamente do processo de escrita: primeiros esboços ruins, perfeccionismo (o maior inimigo de qualquer escritor), apoio de alguém que se comprometa a ler seus textos, criação de um livro e métodos para melhorar as percepções à cerca dos personagens de sua história, além de incentivo à publicação - dificuldades que um escritor geralmente enfrenta.

Gostei da forma que a autora abordou o assunto no livro, bem cômico. Anne é professora de escrita criativa, e nos mostra vários exemplos do cotidiano de seus alunos e dela própria, e nos ajuda a desbravar territórios da própria alma e expô-los no papel. O início da escrita pode ser árdua, cabe ao escritor um olhar panorâmico do mundo, estar atento as situações e ser sensível a elas, a fim de provocar uma motivação para a escrita. Escrever requer prática e dedicação todos os dias, nem que seja para escrever uma simples frase, ou uma página de um diário pessoal, isso contribui para o aperfeiçoamento do escritor.

" - E aí, por que o que escrevemos é importante mesmo? - perguntam.
   - Por causa do espírito - respondo. - Por causa do coração.
   A escrita e a leitura reduzem nossa sensação de isolamento. Aprofundam, alargam e expandem nossa noção de vida: alimentam a alma. Quando os escritores nos fazem balançar a cabeça por causa da exatidão de sua prosa e de suas verdades e nos fazem rir de nós mesmos ou da vida, nossa alegria de viver é restaurada. Ganhamos a chance de dançar com o absurdo da vida, ou de pelo menos acompanhar batendo palmas, em vez de sermos constantemente esmagados por ele. É como cantar em um barco durante uma terrível tempestade no mar. Você não faz com que a tempestade pare, mas, cantando, pode mudar o coração e o espírito das pessoas que estão a bordo."

Escreva para você. Escreva para alguém. Escreva.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Desconhecido


Às vezes, quando olho para um desconhecido, fico pensando: Como será aquela pessoa por trás de seus olhos? Como ele vê o mundo? Suas angústias não compartilhadas, seus amores perdidos ou ausência de alguém querido. Seus defeitos tão visíveis pelos outros, mas suas qualidades não reconhecidas escondidas em algum lugar por trás daquele olhar.
Tente fazer esse teste: observe e indague.
Somos todo um conjunto de contradições: uma soma de lágrimas e sorrisos. Quais são suas preocupações e medos constantes?
Observar um desconhecido é como imaginar o fundo do oceano, não estamos vendo, mas existe. Dentro dele há uma imensidão de segredos, de sonhos, de marcas não cicatrizadas. Porém, acredito que todos nós possuímos algo em comum: um anseio de nos tornarmos alguém. Ao mesmo tempo me indago sobre seus sonhos perdidos, sobre quantas vezes teve que abrir mão deles para agradar os outros.
Quando vejo um desconhecido, eu penso: no fundo, ele segue em busca de si mesmo e, um dia, se tornará essencial para outrem.

Escrito em: 18/05/2014

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Livros e Escritores: Charles Bukowski

Olá queridos leitores!Quanto tempo!
Desde já, peço desculpas pela demora de publicar algo.
Mas vou me justificar: minhas aulas iniciaram em agosto e também comecei um novo trabalho. Pensem! Estou numa correria doida.
Mesmo durante esse corre-corre há espaços de tempo onde ainda consigo ler alguma coisa (apesar que os artigos da faculdade estão sendo prioridade). Umas das minhas últimas leituras foi um livro reunindo vários textos autobiográficos e poesias do Charles Bukowski - grande poeta norte americano. Sempre li vários de seus textos pela internet - precisamente em blogs do tumblr.

A escrita de Bukowski não é forçada, nem limitada. Não controla aquilo que escreve, o que acaba sendo um pouco duro, porém realista em vários aspectos. O menino Bukowski teve em sua infância uma relação não muito agradável com o pai, mas sempre amou a mãe. Na escola era zoado pelos colegas, e durante a adolescência teve sérios problemas com acne que causaram inflamações em seu rosto, fazendo-o a submeter-se a tratamentos médicos. Começou a beber cedo e logo tornou-se um alcoólatra. Tinha com a bebida uma espécie de amor incondicional, juntando ao papel e caneta, Bukowski usou de sua solidão para se expressar através da escrita, em meio ao caos em que vivia.
Através de seus textos é possível resgatar lembranças de sua infância e vida adulta que o próprio autor personificou em seu alter ego Henry Chinaski, ou seja, seus personagens é sobre si mesmo. O velho Buk conseguiu fidelizar seus leitores, encantando-os com seus poemas, ou causando polêmica com seus textos sobre mulheres, sexo e vida - em geral, seus personagens são pessoas fragilizadas, frias e desempregadas. O próprio Buk, durante anos, não conseguia permanecer em seus empregos, o problema com a bebida não o ajudava nisso, mas ele escrevia. Digamos que ele não tinha uma relação social muito agradável com outras pessoas, mas para aqueles que lhe eram essenciais ou mesmo pouco importantes, Buk se expressava com suas poesias surpreendentes. Trabalhou durante anos nos Correios, para enfim, dedicar-se totalmente à escrita. Até hoje seus textos e poemas são lidos por muitas pessoas ao redor do mundo.

"...Há um pássaro azul em meu peito que
quer sair
mas sou bastante esperto, deixo que ele saia somente em algumas noites
quando todos estão dormindo,
eu digo, sei que você está aí,
então não fique
triste."

"Bukowski é o rei do underground de Los Angeles, um excêntrico que enxerga o mundo com uma clareza de visão atribuída apenas a artistas e loucos."
- Los Angeles Times


"Meus punhos são rios, meus dedos são palavras..." - Bukowski

Até o próximo post!

sábado, 22 de agosto de 2015

Simplicidade

Aos poucos a vida vai nos mostrando
o quanto o simples também é bonito.
A forma como vemos uma pessoa 
tratando bem o outro,
o doce desejo de estar perto de quem se gosta,
o sorriso e a falta de palavras nos lábios quando
os olhos se encantam com alguma coisa.
Belo mesmo é o simples,
e perde quem não o admira.
O simples me encanta, 
simples assim.

Escrito em 06/08/2012

Morada

Sempre fui daqueles
que procuram seu lugar.
Me lembro dos tempos de criança,
em que eu subia em algumas árvores no quintal dos meus avós.

Levava livros e na maioria das vezes,
revistas de histórias em quadrinhos.
Passava o tempo ali,
fiz minha morada durante várias tardes.

Não me sentia incomodado, pelo contrário,
gostava do vento passando por entre as folhas,
e do silêncio manso.
Ali tudo era paz.



Escrito em: 06/06/2014

terça-feira, 4 de agosto de 2015

EGOísmo

Você tem que gostar daquilo que eu gosto, amar quem eu quero que você ame, ser quem eu quero que você seja...

Já era pra ter postado algo sobre isso, pois é algo que vem me incomodando, ainda mais pelas redes sociais que atualmente são nosso meio mais comum de interação. Eu, que sou bastante observador dos comportamentos humanos (e tenho estudado para entender isso), vejo que situações sociais envolvendo atos egoístas tem se alastrado e dominado os interesses pessoais. É briguinha por religião, sexualidade, cor de pele, filosofia de vida, etc. Identidade? Ela vem se perdendo há muito tempo, e as pessoas não estão se dando conta disso. O contato humano de afeto se tornou chato demais nesse mundo moderno (mas ainda prefiro essa chatice). A empatia esta difícil de ser construída no coração de alguns, e nossos julgamentos estão sendo alimentados com o sentimento egoísta. Sentir supostamente o que o outro esteja sentindo é um tipo de inteligência emocional, que poucos reconhecem. O sentimento egoísta é algo que não engrandece o outro, e sim a si próprio.

Enquanto muitos desejam seguir com suas vidas e ser alguém nessa sociedade hipócrita, outros estão querendo concertar a vida alheia de acordo com seus intrínsecos conceitos.
Já percebeu o quanto somos diferentes? O quanto temos nossas próprias percepções à cerca de tudo? Isso é ser humano. Somos únicos. 

São várias as situações que envolvem atos egoístas: pessoas decidindo o direito dos outros; pais escolhendo a profissão dos filhos (aquela que vai render dinheiro e não realização profissional); filhos que não conseguem ficar uma hora na companhia dos pais que tanto lhe deram afeto, mas perdem horas no videogame... E são tantos! Basta observar o indivíduo que olha o seu próprio umbigo e despreza as necessidades dos outros. 

Eu posso ser feliz, você não!

Ah! Como eu queria que o sentimento de felicidade alcançasse a todos. É um sentimento tão bom, tão engradecedor. Melhora a autoestima, renova as forças, rejuvenesce o coração cansado. As pessoas precisam saber que o perdoar a si próprio é mais importante que o sentimento de culpa. Que o egoísmo não nos acrescenta em nada, mas o meu próximo pode ser um braço a mais nesse mundo que só nos dá porrada. Que nossos julgamentos diminuam ao ponto de nos admirarmos com a imensidão de sentimentos bons soltos por aí.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Estou Em Construção


Sabe, ultimamente ando pensando muito em mim. Havia me esquecido de como eu costumava ser, pois sempre me preocupei mais com os outros do que comigo mesmo, e estava ficando para "trás". Parei e pensei: Alguém tem que fazer algo por mim, e esse alguém sou eu. Quem mais?

Quem vai conquistar meus sonhos?
Quem será minha companhia durante boa parte do tempo?
Quem vai colocar um sorriso no meu rosto?
Eu.

Não estou falando de um sentimento egoísta, mas no sentido de que preciso focar em mim. Construir meu futuro, ser um excelente profissional, me apaixonar sem medo, viajar, ler mais livros, ouvir música e dançar como um louco nas melhores partes.
E se nesses momentos eu estiver sozinho, por que não fazer deles os melhores momentos? A forma que lidamos com as situações dão sentindo à vida.

As escolhas fazem parte de todos os nossos dias. Temos que correr contra o tempo para não ficarmos perdidos. As coisas evoluem, o ritmo é frenético. Nesse longo caminho sempre terá algo melhor nos esperando lá na frente. Acredite.
A diferença esta em como viver o "agora". E tem que ser da melhor maneira possível. Da mesma forma que o futuro assusta, ele pode surpreender, trazendo o melhor da vida se você acreditar.

Escrito em: 28/03/2014 com adaptação.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Lar


Uma casa ou um apartamento. 
Não precisa ser grande, mas que caibam nossos sonhos e anseios. 
Que seja decorada de amor e fé. 
Que os alicerces sejam baseados na coragem e na força. 
Que o medo não entre pela janela, mas somente a luz do sol. 
Que de manhã tenha café e cafuné, beijos e abraços. 
Que ao lado da nossa cama tenha um abajur para iluminar as noites mais escuras - mas se o céu estiver em seu esplendor, que possamos apreciá-lo. 
Que na garagem tenha telas pintadas com toda simplicidade, e na sala, livros e palavras transbordando sabedorias. 
Que em nossos dias haja companheirismo para suportar os dias bons e maus. 
Que o sorriso esteja estampado no rosto ao ver a face da pessoa amada. 
Que sejamos cúmplices durante toda a vida. 
E o abraço será uma forma de dizer: estarei sempre com você.

Texto escrito em: 11/04/2014

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Livros e Escritores: John Green


Olá queridos leitores!!!
Muita gente já ouviu falar ou já leu algum livro do John Green, o autor mais queridinho do público jovem atualmente no mundo todo. Um de seus livros mais famosos A culpa é das estrelas já foi adaptado para o cinema, e o próximo é Cidades de Papel - que inclusive estreou hoje nos cinemas de todo Brasil.

Já li todos os livros publicados do John, e garanto: ele é ótimo. Recentemente o autor esteve no Brasil para promover o filme e ficou apaixonado pelo nosso país, além de impressionado com sua popularidade entre os leitores brasileiros (Fonte: G1).

Seus livros são recheados de personagens encantadores, humor, frases inspiradoras, drama adolescente e romance. Meu preferido é Quem é você, Alasca? primeiro livro do autor que finalmente vai virar filme em 2016.

Para não prolongar muito, vou falar um pouco do livro Cidades de Papel.

Poster do Filme

Sinopse:

Em Cidades de papel, Quentin Jacobsen nutre uma paixão platônica pela vizinha e colega de escola Margo Roth Spiegelman desde a infância. Naquela época eles brincavam juntos e andavam de bicicleta pelo bairro, mas hoje ela é uma garota linda e popular na escola e ele é só mais um dos nerds de sua turma.

Certa noite, Margo invade a vida de Quentin pela janela de seu quarto, com a cara pintada e vestida de ninja, convocando-o a fazer parte de um engenhoso plano de vingança. E ele, é claro, aceita. Assim que a noite de aventuras acaba e um novo dia se inicia, Q vai para a escola, esperançoso de que tudo mude depois daquela madrugada e ela decida se aproximar dele. No entanto, ela não aparece naquele dia, nem no outro, nem no seguinte.

Quando descobre que o paradeiro dela é agora um mistério, Quentin logo encontra pistas deixadas por ela e começa a segui-las. Impelido em direção a um caminho tortuoso, quanto mais Q se aproxima de Margo, mais se distancia da imagem da garota que ele pensava que conhecia (Fonte Skoob).


O início do livro é bem humorado por causa desse plano de vingança da Margo. Ela descobre a traição do namorado, e as falsidades das pessoas que a rodeiam. Depois disso a narrativa do livro se torna um pouco lenta com o desaparecimento dela, e finalmente me senti envolvido quando Quentin encontra as pistas deixadas por Margo e começa a procurá-la. Há uma certa tensão em uma destas cenas das pistas, Quentin começa a achar que Margo pode ter planejado sua própria morte. Somente quando ele segue todas as pistas é que descobrimos o real motivo de seu desaparecimento. 

O livro esta com ótimas avaliações no Skoob (4/5) com mais de 40 mil leituras.

“Eis o que não é bonito em tudo isso: daqui não se vê a poeira ou a tinta rachada ou sei lá o que, mas dá para ver o que este lugar é de verdade. Dá para ver o quanto é falso. Não é nem consistente o suficiente para ser feito de plástico. É uma cidade de papel. Quer dizer, olhe só para ela, olhe para todas aquelas ruas sem saída, aquelas ruas que dão a volta em si mesma, todas aquelas casas construídas para virem abaixo. Todas aquelas pessoas de papel vivendo suas vidas em casa de papel, queimando o futuro para se manterem aquecidas. Todas as crianças de papel bebendo a cerveja que algum vagabundo comprou para elas na loja de papel da esquina. Todos idiotizados com a obsessão por possuir coisas. Todas as coisas finas e frágeis como papel. E todas as pessoas também." 
Frase do Livro: Cidades de Papel.

 No trailer do filme percebe-se algumas mudanças, e os leitores podem se surpreender. John Green afirmou que essas mudanças faz o filme ser tão bom quanto o livro.
Para quem ainda não viu, segue o trailer:




Bom, é isso!
Abraços e até o próximo post!

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Simplesmente Acontece

Ambos diziam que nunca mais iriam se apaixonar.
Estavam fartos de relacionamentos pela metade, pelo envolvimento sem reciprocidade e pela escassez do amor. Decidiram fazer como os outros: divertir e curtir o momento, sem apegos.

Acabaram se conhecendo num café, pela manhã, em uma esquina da cidade onde o frio e a neblina predominavam. Estavam no balcão aguardando seus pedidos, e um simples "bom dia" foi dado. Mas enquanto esperavam, tiveram a audácia de iniciar uma conversa. Com os pedidos servidos, continuaram com aquela sintonia que os envolviam, não se deram conta de que as horas haviam passado. Em nome da amizade, trocaram os números de celular e cada um seguiu sua vida.

Saíram juntos diversas vezes, iam ao parque, à baladas, bares, livrarias e perceberam o quanto eram parecidos - gostos de música, filmes, livros quase idênticos. Dentre essas saídas, rolaram alguns beijos e carícias. O curtir o momento era imprevisível... 

- Não se apaixone por mim.
- Oras! Não mesmo. Só quero te usar.
- Então use e abuse.

Os beijos eram longos, durante as pausas ambos sussurravam: eu não te amo. Daí as coisas esquentavam. Para eles, não havia sentimento. As passadas de mão pelo corpo os faziam suspirar até que o êxtase do momento terminasse o seu efeito. Depois, seguiam cada um para sua casa e nenhuma mensagem de texto eram encaminhada. Melhor assim, pensavam. Dias depois, já estavam marcando novos encontros. Tem um show de uma banda legal, vamos?

As coisas começaram a complicar. A falta que um sentia do outro começou a incomodar. As mãos tocavam o celular, os dedos digitavam palavras que nunca foram enviadas:

1) "Oiiii! Então, não sei como te dizer, mas acho que estou gostando de voc... (Apagar)" 
2) "Sentindo muito a sua fal... (Apagar)"

Precisavam conversar. Aquilo estava indo longe demais. Iriam se machucar, era sempre assim.
Esse negócio de se apaixonar não é mais pra mim. Justo agora que estou tão bem?

Se encontraram no mesmo café, onde tudo começou. Quando se avistaram, era intenso o brilho nos olhos, e a pele demonstrava sinais de enrubescimento. Se abraçaram, mas o calor dos braços demorou mais tempo do que ambos estavam acostumados. Mãos e lábios se tocaram, e algo não puderam evitar: estavam apaixonados um pelo outro.



quinta-feira, 2 de julho de 2015

Resenha #1: Legend


Título: Legend - A verdade se tornará lenda
Autor(a): Marie Lu
Editora: Rocco Jovens Leitores
Ano de Publicação: 2014

Se você já leu séries distópicas como Jogos Vorazes ou Divergente, com certeza vai gostar de Legend (que também é uma trilogia).
A história se passa num futuro distante e não definido, em que inundações, e "a praga" são um dos principais problemas que assolam a República - um governo opressor, antes conhecido como costa ocidental dos Estados Unidos da América, que vive em constante guerra com as Colônias.

Todas as crianças de dez anos são submetidas a realizar uma prova exigida pelo Congresso da República que decide as futuras funções do indivíduo na sociedade. Day faz parte de uma família pobre e foi reprovado na Prova. Após sentenciado à extermínio (no início do livro não se sabe ao certo o porquê, depois as lacunas se completam), Day foge e passa a se esconder com ajuda de uma amiga que encontrou nas ruas, Tess. Ele então passa a ser procurado por todos os militares da República por atos de agressão, incêndio, roubo, por prejudicar o esforço de guerra, etc. Para ele, a família é a mais importante de todas as coisas, e sempre procura meios de ajudá-la com mantimentos necessários, já que vivem num dos subúrbios de Los Angeles, enquanto "a praga" ceifa vidas.

As casas, onde há indícios do vírus, são marcadas com um X na porta como identificação da "praga", porém o que Day não esperava é que seu irmão caçula foi infectado por um vírus novo. Ele decide, então, ir em busca de medicamentos para o irmão não morrer. Em uma de suas buscas, ele mata um militar durante a perseguição (não é spoiler - consta na sinopse do livro).

Ao contrário de Day, June considerada uma menina prodígio, é uma adolescente nascida numa família de elite. Ela é a única que conseguiu pontuação máxima nos testes, passando a exercer função militar, além de outros direitos favoráveis, assim como o irmão. O que June não esperava, era pela morte dele, a quem muito amava. Decide ir atrás do sujeito que assassinou a única pessoa da família que lhe restava. June consegue encontrar o assassino (Day) e prendê-lo para o governo, recebendo felicitações da Elite.

Durante a leitura, vemos que a República não trata bem as pessoas que vivem nas regiões mais pobres, e a sociedade tem que prestar continência como forma de subordinação ao governo opressor. Mistérios serão revelados e June terá que decidir no que acreditar, além de lidar com as consequências de suas escolhas. As revelações e ações do livro são de tirar o fôlego.

Será que Day realmente é um assassino? Os atos da República são para o bem da Nação? E o mistério da Praga, como ela surge? Você só descobrirá lendo. Com capítulos curtos e narrativa rápida, Legend  consegue prender o leitor do início ao fim.

A história continua com Prodigy e Champion, e mal posso esperar para ler.

Grande Abraço, até o próximo post!

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Talvez um dia...

Talvez um dia, meu amor,
estaremos numa casinha no final da montanha,
raios de sol pela janela,
neblina no ar para nos acordar

Um café logo pela manhã,
um cheiro, 
um abraço demorado,
seguido por longos beijos

Talvez um dia, meu amor,
nossas mãos se entrelacem,
nossos lábios se toquem mais um vez
e nossos olhos se encontrem

Talvez um dia, meu amor, 
você escolha o aconchego dos meus braços
e me ame intensamente
Talvez um dia nossos medos se acabem

Talvez um dia...

Poema escrito em: 03/04/2014



sexta-feira, 26 de junho de 2015

Livros e Escritores: Martha Medeiros

Provavelmente você já deve ter lido algumas frases da Martha Medeiros espalhadas pelas redes sociais. Sim! Seus textos são constantemente compartilhados, sejam em breves citações ou em crônicas completas.


Martha Medeiros é uma grande cronista, poeta e romancista brasileira - e eu particularmente sou um leitor compulsivo de sua literatura. O por quê? Leia algum livro dela e você vai me entender (ao final do post vou indicar alguns livros).

Minha última leitura foi seu livro Fora de mim publicado em 2010 pela Editora Objetiva (131 p.). É um livro de ficção da Martha, apesar de eu particularmente gostar mais de suas crônicas e poesias. Mas a escrita dela é genial, sem rodeios, vai direto ao ponto e realista. Fora de mim é mais um livro sobre o fim de um romance. Ao lê-lo, parece que a personagem escreve uma longa carta ao ex, dizendo como anda sua vida atualmente sem ele. O livro é dividido em três partes:

A 1ª parte do livro vemos uma personagem melancólica, triste, vivendo o luto com o fim do romance. Se você já passou por esta situação vai entendê-la perfeitamente. Só quando perde-se um grande amor é que sentimos realmente a falta dele. Perde-se a vontade de viver, de recomeçar. Depois é que a gente acostuma com a falta do outro e começa a se reerguer outra vez.
Nota-se também que no livro não há nome dos personagens, mas são fáceis de serem interpretados.

Na 2ª parte, a personagem começa a nos mostrar como tudo aconteceu, do momento da paixão, nascimento do amor até as coisas saírem fora de controle. A partir daí o livro fica mais interessante, porque não vemos a personagem como antes (triste e sem vida), mas percebemos como tudo saiu dos eixos, para que ambos seguissem vidas distintas (fato é: eles realmente se amavam). Entretanto, o ex apresentava um descontrole emocional - era instável (às vezes amável, outras vezes um cara difícil) e ciumento. 

"Você era a fúria, eu era a paixão, e havia no meio de nós um transtorno psíquico que não apenas nos apartou, como evitou um encontro verdadeiro."

Por último, na 3ª parte, ela finaliza o livro falando sobre passados. É o pós-término. A personagem entende o que aconteceu de forma madura, e nos mostra que o amor permanece de alguma forma: na saudade. Nesta parte do livro a vemos como ela realmente é: uma mulher diferente das outras, livre e que não se preocupa com estado civil. Para ela, o mais satisfatório é amar.

"Casamento era pra mim um ritual de aceitação, um gostar-se tornado público. Minha família adorava usar uma expressão para justificar a pompa matrimonial na igreja e no salão de festas: 'Casar é uma satisfação para a sociedade.' Por mim, usaria esse termo pela metade, diria apenas: 'É uma satisfação'. Não consigo imaginar nada mais satisfatório do que amar..."

Fora de mim é um livro bem curto e gostoso de ler, assim como os outros livros da autora. 
Ao todo, já li 12 livros da Martha Medeiros, e para finalizar, indico alguns dos que mais gostei:

Crônicas:

1) Feliz por nada: o meu preferido.
2) A Graça da coisa: meu segundo preferido.
3) Um lugar na janela: relatos de viagem (maravilhoso).
4) Coisas da vida.
5) Montanha-russa.
6) Trem-bala.

Ficção:

1) Divã - sua primeira ficção, que inclusive foi adaptado para o teatro e cinema.

"Gosto demais do que a Martha escreve: toca em sentimentos sem ser sentimentalóide, é bem-humorada sem ser superficial, é irônica sem ser maldosa."
Lya Luft

Até o próximo post!
Abraços!



segunda-feira, 22 de junho de 2015

Tão Comum...

Se você me perguntar o que é que eu tô fazendo, eu digo que não sei...
E não sei mesmo. Já racionalizei tanto meus comportamentos e atitudes, que ultimamente estou praticando a arte de ser leve - não levar tudo a sério. Tirar peso dos ombros, sabe? Faz bem.
Até o "sair só" pode parecer não ter sentido algum, mas tem. Um encontro com a gente mesmo, é o que precisamos no momento. 

Se você me perguntar o que eu quero do futuro, eu digo que não sei...

Tenho tantos sonhos que vou até começar a fazer uma listinha, porque novos sonhos surgiram e outros nem sequer conquistei ainda. E é tão comum sonhar mais alto do que se pode crer.
As coisas nunca vieram tão rápido e fácil pra mim. Foram dias de espera, dias frustrantes, dias em que tentava (eu mesmo) dizer que há tempo para todas as coisas. E tem. Não adianta apressar, a gente só tem que fazer a nossa parte. Se não deu certo, paciência. 
Futuro? Amanhã é dia dele. Hoje não, é presente.
Então, não sei ainda ao certo o que quero do futuro,
Só sei que eu espero que a vida me mande algo bom.

...Tão comum se arriscar sem saber cem por cento se é bom...
É o preço das escolhas, meu amigo. A gente acha que sabe, e é onde muita gente se engana. Porém, por que não tentar?

Tão comum errar, errar e errar de novo...

Graças ao erro é que a gente tem consciência dos fatos. Aprendemos através dele.
Mas errar virou moda, erramos hoje, erramos amanhã e por aí vai... Um dia eu me acerto.

Assumo os meus desejos, tento saciar a sede daquilo que nem sei...

Esse desejo de "experimentar" a vida em suas diferentes formas. Que bom que ainda há vontade, o gosto por querer mais.

Tantas perguntas a responder: O que é certo? O que é bom e o que é real?
Deixo isso para os filósofos e para aqueles que acham saber o que é certo e bom.
De tudo, pouco sei. A verdade não é absoluta meu amigo, aquilo que pode ser verdade pra mim, pode não ser pra você. Eis o que aprendi com tudo isso: aceitar as coisas do jeito que são, viver os momentos e fazer o bem.

Tão comum tentar ser melhor...

Ps.: Os trechos em itálico são partes da música "Tão Comum" da Sandy Leah part. Seu Jorge (que inclusive virou título do post). Discorri através dele, portanto é um complemento. Caso queira ouvi-la, link abaixo:




Seja leve!
Grande abraço e ótima semana! 

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Nostalgia Adolescente

Hoje eu peguei minhas antigas agendas. Reli algumas coisas que escrevi quando tinha 15/16 anos. Sorri e pensei: eu escrevi isso?
Textos, poemas, muitas vezes tão imaturos, mas expressavam o que estava vivendo no momento. Era a fase de maior confusão na vida de uma pessoa: adolescência.

Ensino médio, amigos (os verdadeiros permanecem até hoje), o futuro que tantas vezes me assombrava. Meu Deus! Já esta na hora de ser homem? Ter outras responsabilidades?
A adolescência é uma fase de dúvidas, questionamentos, espinhas na cara (hormônios à flor da pele), de rebeldia, de tênis all star sujo. "Sempre usarei all star, terei uma coleção deles, de todas as cores" - dizia. Hoje, até tenho alguns e uso de vez em quando, mas os coitados foram trocados por sapatos e mocassins. 

Adolescência é fase de atitude. Muitas coisas que tenho receio de fazer hoje, na adolescência eu nem pensava duas vezes. Também é fase de escolhas. Onde ir? Mudar de cidade? Qual curso fazer? Na cabeça de um adolescente isso não é nada fácil. 
Ah, ainda tinha os amores platônicos, e aqueles não correspondidos. Coitado do coração.

Às vezes, eu começo a rir quando lembro dessas coisas. Mas é uma nostalgia boa. Hoje, alguns amigos já estão casados, com filhos. Outros estão seguindo o curso da vida, mudaram-se de cidade, foram atrás de seus sonhos. Nunca foram ou serão esquecidos, são reencontrados. Outros amigos foram acrescentados como se já nos conhecêssemos há anos.

Quando a gente cresce, a vida exige um pouco. Novas responsabilidades são impostas e é necessário maturidade para saber administrá-las. 
Paciência é essencial. Nem tudo é como a gente quer, mas a gente pode deixar as coisas um pouco do nosso jeito, se não, perde a graça.
O tempo corre, seu relógio pode até parar, mas a vida não. Ela continua. E a gente vive, ou finge que vive. O bom de tudo isso é que mudamos nossas percepções, ampliamos nossa visão. Sabe aquele medo do mundo? Aquele medo bobo do desconhecido? Ele não assusta mais como antes.

Por fim, compartilho uma música do Lenine que tanto gosto:


Abraços!

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Livros e Escritores: Lya Luft

1º Post Oficial

"Há temas que se repetem, perguntas que se perpetuam; inquietações coincidem entre o escritor e seus leitores, entre quem dá algum depoimento e quem assiste.
'Por que você escreve?' é a primeira e universal indagação.
Um escritor respondeu que se parasse de escrever morreria, portanto escrevia para não morrer; uma mulher dizia que escrevia para não enlouquecer, outra revela que o faz para ser amada.
Sou dos que escrevem como quem assobia no escuro: falando do que me deslumbra ou assusta desde criança, dialogando com o fascinante - às vezes trevoso - que espreita sobre nosso ombro nas atividades mais cotidianas. Fazer ficção é, para mim, vagar à beira do poço interior observando os vultos no fundo, misturados com minha imagem refletida na superfície."

Lya Luft - O Rio do Meio.



Quando me perguntam: Me indique um livro? Um escritor? 
Logo respondo: Lya Luft.
Desde o primeiro livro que li (A Riqueza do Mundo) a autora me fascinou pela forma que escreve suas ficções e ensaios tão reflexivos. Desde então, tenho lido seus livros em busca daquilo que ela tem a compartilhar, suas indagações sobre a vida, suas ficções tão cheias de relacionamentos humanos com toques, até mesmo, de fantasia.

Em O Rio do Meio, minha leitura mais recente, a autora aborda diversos temas que são partes de suas indagações. Lya fala sobre infância e maturidade, além de abordar os valores sociais e familiares impostos e suas consequências em nossas atitudes.

"Mas também me interrogo sobre seres humanos que foram tolhidos pelas obrigações, pela grosseria dos pais ou da pessoa escolhida para ser sua parceira. Incapazes de administrar sua própria existência, tangidos como animais comprados a preço inferior, sem tempo sequer de entrar em si e avaliar-se - ou com medo da amargura do que lhes seria revelado."

Lya escreve sobre mulheres e seus destinos; homens e seus sonhos - muitas vezes reprimidos; de vida e morte (muito presente em suas literaturas), além de ficções com personagens próximos da realidade. Quando se lê um livro seu, é comum se identificar e até se questionar: ela escreveu pra mim? Esse personagem parece tanto comigo!

As relações afetivas e humanas são constantemente citadas. Em todos os seus livros há espaço para relacionamentos complexos, onde envolvam pessoas imperfeitas, que muitas vezes buscam aquilo além do que o outro tem a oferecer. Por outro lado, essas relações podem se fortalecer através das diferenças de cada um. Envolvendo aceitação e generosidade.

"A família tradicional rompe-se ou se transforma: começa o que se poderia chamar a família humana, em que se exercem mais generosidade e tolerância e se aceitam melhor as diferenças e dificuldades do outro."

As diferenças de homem e mulher, pontos em comum, outros que se divergem e o amor tão desejado por ambos. Casais que se completam, outros que não se suportam. O amor deve ser livre?

"'Amar alguém é deixá-lo livre', escreveram-me num bilhete. Deve ser esse o mais difícil e obscuro dos segredos de conviver bem."

Ao falar sobre os ficcionistas, Lya nos faz pensar se em seus romances, dramas e ficções, estariam os autores disfarçando elementos de sua própria história. Para ela, escrever é uma forma de denunciar injustiças, registrar fatos que podem mudar e melhorar o mundo, libertar-se e dançar com as palavras. Lya escreve:

"A mim, mais me importa o que têm de simbólico e de alegoria, pois neles falam os meus mitos particulares, a maioria dos quais não decifrei, mas tento controlar pelo feitiço da palavras."

Para mim, os livros da Lya Luft são arrebatadores. "Minha literatura não emerge de águas tranquilas: falam de minhas perplexidades enquanto ser humano..." diz ela. Seus livros conseguem ser ousados e filosóficos ao discutir temas que tanto a incomodam. Uma escritora que sempre vou indicar para aqueles que questionam e gostam de pensar, que buscam nas palavras sabedoria e alento.

Até o próximo post!